QUANDO O SILÊNCIO PEDE A PALAVRA – Milonga

Letra:

Entrego a ti - silêncio amigo -, minha palavra;

Depois de tanto te escutar, compreendi.

A sapiência busca amparo na voz calada,

pois mais aprende quem pouco fala, mas sabe ouvir.

 

Toda palavra depois de dita não volta à boca,

é bala solta que não tem vez nem direção.

Já fui ferido, também feri sem me dar conta,

que é a dor da alma que faz sangrar o coração.

 

Se paus e pedras ferem-me a carne,

que cedo ou tarde cura-se assim;

Toda a palavra que fere a alma,

segue latente até o fim.

 

Por isso sempre peso o que digo,

em cada frase que falo e penso.

Me arrependi de muitas palavras,

mas jamais, do meu silêncio.

 

Meu mate guarda tantos silêncios porongo adentro,

tantos lamentos que se afogaram no seu caudal...

...é água funda, que espelha a face do sentimento,

e cara a cara põe frente a frente o bem e o mal.

 

Mas à instantes que o silêncio pede a palavra,

pois quem se cala ante a injúria perde a razão.

O verbo insere o argumento na própria fala,

deixando exposto quem dá o tapa e esconde a mão.


 

Por favor, aguarde enquanto o processo é concluído...