MEU CAVALO CAMBOIM
O meu primeiro cavalo,
Meu pai ajeitou ¨prá ¨mim ,
era um galho de camboim
que chamei de meu gateado ,
de embira foi aperado ,
De milho fiz seu cabelo ,
Atei a cola e sai em pelo ,
Fingindo ser mal domado.
Me fui direito à mangueira
Faceirar com a peonada ,
Ali , dei uma escarceada
depois larguei ¨pra ¨ o galpão ,
Voltiei o fogo de chão........
Convidando nas esporas ,
me sai lindo e pachola ,
corpeando num só tirão.
Também fui piá tropeiro
De uma tropa imagiária ,
Na correria diária
De gurizote campeiro ...
Uns dias fui culatreiro ,
Levando gado de osso
Outras vezes , sem retosso ,
Me ajustei como ponteiro.
Era linda toda a lida ,
Que enfeitava, o meu dia ,
mais lindo ainda o que eu via
nuns olhos que reluziam :
Apreciava o que diziam ,
Mas , no fundo , o que eu queria
Era fazer , algum dia ,
Tudo o que os¨ grandes¨ faziam!
Nos dias brabos de chuva ,
Eu ficava de caseiro
- Castigo já corriqueiro
¨Prᨠalguma desobediência .
Então , na minha inocência,
De simples guri de estância ,
Fui moldando a minha infância ,
No apego pela querência.
Até que um dia , a ¨ lo largo ¨ ,
Ganhei de fato um cavalo ,
¨Mas ah¨ , que rico ¨regalo ¨ ,
O meu oveiro bragado ...
Por ser bem amanunciado
Era manso e bom de encilha ,
Cambiando então minha trilha
¨apeei¨ do meu gateado
Um dia , já mais maduro ,
Num pelado de rodeio ,
Vi meu filho , num floreio ,
Passando meio de lado
- Vinha ele , bem montado ,
Num cavalo de camboim ,
Esbarrou e me disse assim:
Veja pai , é o seu gateado!!!