GEADA PRETA - Milongão

Letra:

A geada preta racha a terra até levantar o torrão

Gela a carne e o osso de afrouxa até o garrão

Encaranga boi no campo de ficar entrevado

Faz calar até o silêncio e vira gelo o banhado

 

Se o trigo tá granado a geada murcha o grão

Ala puxa sem colheita não tem farinha pro pão

O pasto nem se fala, a grama acaba torrada

Dá pena ver a bicharada com fome e toda delgada

 

Ela vem depois da chuva antes da terra enxugar

Dizem que em cima do barro o frio é de amargar

E chega bem de mansinho no fim da madrugada

O quero-quero se aquieta desertando da guarda

 

Pra aguentar essa interpérie só mesmo fogo de chão

Churrasco de carne gorda pro peão “guentá” o tirão

Na casa grande fogão e lenha com cerne de tarumã

Bixará feito a capricho tecido com boa lã

 

Só assim pra aguentar o matambre do vivente

Se não a coisa fica ôsca de ringir até os dentes

A geada preta gela a pampa e veio eu sei de donde

Depois do vento pampeiro da cordilheira dos andes

 

O moço não sabe o que é mas tem o velho que conte

Não é como a geada branca que pinta o horizonte

É escura e tão fria de fazer gelo em vertente

 

Só bem de perto pra conferir se não engana os olhos da gente


Por favor, aguarde enquanto o processo é concluído...