Rima Matreira

Letra:

Eu recorri tanto campo

- frente, fundo e sumidor –

Segui rastro em corredor,

cruzei sanga e cancelão.

Eu cansei um mansarrão,

judiei o casco na estrada...

E essa rima desgarrada

não estava em meu rincão.

 

Fiz basteira em lombo são,

rebentei trança de laço

pra prender algum pedaço

do verso que disparou.

E o meu pingaço rodou

no manancial da poesia...

Ficou minh’alma, vazia,

e essa rima não voltou.

 

Fiz fogo grande em galpão

pra o silêncio e seus escuros,

mas a rima que procuro

se escondeu na solidão.

Eu feri a pele das mãos

sujeitando a tironeada,

pra ver a doma estragada

do meu verso redomão.

 

Eu esqueci carreira atada

e o tempo d’algum carinho,

pra seguir rumos sozinho

penando o vago poema.

Deixei saudades pequenas

crescerem e serem mais

que só lembranças normais

dessa passagem terrena.

 

Suportei peso do poncho

molhado d’uma tormenta,

campeando a rima cinzenta

dos meus andarengos dias.

Vi chorarem alegrias,

e renascerem as dores

dos amargos interiores

pela falta da poesia.

 

E, assim, fui voltando às “casa”

batendo estrivo, assoviando...

Ao tranco, sempre esperando

notícias vindas lindeiras...

Revisei tranca em porteira

e desencilhei, sabendo

somente achar, escrevendo,

a rima que está matreira.

 

Por favor, aguarde enquanto o processo é concluído...